A SUSEP publicou em seu site os números oficiais de prêmios, sinistros e despesas comerciais reportados pelas seguradoras, relativos ao 1º semestre do ano corrente. Em se tratando de seguros de transportes, podemos afirmar que os primeiros seis meses do ano foram perdidos. O crescimento de prêmios emitidos de janeiro a junho de 2013 sobre o mesmo período do ano passado foi de apenas 1,13%. O mercado de transportes andou de lado.

A conclusão é ainda pior se analisarmos os números setorialmente. Segmentando a produção em três grupos – seguros contratados pelos embarcadores (Transporte Nacional e Internacional); pelos Transportadores Rodoviários (RCTR-VI-C, RCT-RC e RCF-DC) e pelos demais Transportadores (RCTA-C, RCF-C e RCA-C) – verificamos que apenas o terceiro cresceu de verdade, aproximadamente 54%, influenciado pelo desempenho dos seguros de RC do Transportador Ferroviário.

Como este segmento é muito menor que os demais, respondendo apenas por 2,24% do total, conclui-se que os maiores tiveram incremento pífio ou até decrescimento. É isso mesmo. No conjunto, os dois seguros contratados pelos donos da carga e pelos operadores logísticos (TRNAC e TRINT) decresceram (-0,29%) e os três adquiridos pelos Transportadores Rodoviários aumentaram somente 1%.

O que poderia justificar essa estagnação? A conjuntura econômica?

De fato, os seguros de transportes são os que mais rapidamente sofrem quando a economia do país não vai bem. Segundo dados do IBGE, o PIB cresceu apenas 0,6% no 1º trimestre de 2013, em relação ao 1º trimestre de 2012. O crescimento da produção industrial, particularmente, foi pior.

Nesse cenário ruim, a contratação de fretes recuou, impactando os seguros de transportes, já que estes garantem os prejuízos das mercadorias que se perdem ou se danificam durante as viagens. Quando estas diminuem, por efeito da economia, os seguros vão junto para o mesmo buraco.

Mas será que a questão econômica é a única razão para o desempenho ruim?

Os operadores do seguro sabem que não. A escassez de negócios provoca uma reação em cadeia. Os segurados pressionam para pagar menos, e as seguradoras cedem, sem levar em conta se o risco oferecido permite a redução nas taxas cobradas.

A avidez comercial na caça de negócios em tempos difíceis, a qualquer preço, em detrimento da melhor técnica, provoca o aumento da sinistralidade e, por fim, a redução da margem das seguradoras.

Não é por outra razão que a margem operacional do seguro de Transportes Nacionais foi negativa e a sinistralidade de Transportes Internacionais tem crescido tanto.

É preciso refletir e mudar. O abandono das melhores práticas técnicas não é uma boa solução. Não queremos presenciar seguradoras agressivas fechando suas carteiras, por decisão dos acionistas, ao constatarem que os resultados foram ruins, como aconteceu no passado recente. Como diziam nossas avós, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.


Artur Luiz Souza dos Santos

É Acadêmico da ANSP e Vice Presidente de Operações na Pamcary Seguros, atua no mercado segurador há 38 anos e já ocupou cargos na Internacional de Seguros, Generali, Adriática Seguros e na Mapfre Seguros. É formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e em Direito pela Universidade Bandeirante de São Paulo.


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