As responsabilidades dos administradores de riscos incluem, entre outras, a compra de adequados programas de seguros que garantam a efetiva transferência do risco residual. A colocação destes requer o acesso aos mercados mundiais de seguros e resseguros, assim como a habilidade de desenvolver e implementar técnicas alternativas de financiamento de riscos.

Na definição de como o processo de transferência de riscos residuais deve ser implementado, é importante distinguir aqueles que na sua organização não tem internamente a função de administração de riscos, e aqueles que a tem. No primeiro caso, o corretor de seguros tem uma ampla função de assessoramento, com capacidade para ajudar a organização na determinação dos requerimentos de seguros, e também a colocação dos mesmos em seu nome. Nos casos onde se tem uma estrutura de gestão de riscos, a relação com o corretor é um pouco diferente e mais específica.

Para cumprir com seus objetivos e metas internas, os administradores de riscos escolhem o nível de envolvimento dos corretores para a colocação de suas coberturas de seguros. Este envolvimento é variado e vai desde uma pequena participação até um envolvimento mais amplo no processo.

A administração de riscos, a nível mundial, tem evoluído no tempo e seus gestores tem conhecimento mais sofisticado nos processos de colocação de seus riscos no mercado, fazendo-os menos dependentes dos corretores de seguros, incrementando seu envolvimento na relação com a subscrição de seus riscos.

O administrador de riscos não só determina as necessidades de cobertura na sua organização, como também está diretamente envolvido na colocação do programa, com ou sem a intervenção do corretor.

Essa evolução se percebe ainda mais em algumas regiões, principalmente no hemisfério norte, onde muitos administradores de riscos operam diretamente com os mercados, com muito pouca participação do corretor; em outras regiões, como é o caso do Brasil, onde, além de não ter uma administração de riscos interna evoluída como em outras localidades mais desenvolvidas em gestão de riscos nas empresas, a intermediação de corretor na colocação dos riscos no mercado é obrigatória.

Conforme o mencionado acima, o gerenciamento do corretor por parte do segurado está estruturado como qualquer outra atividade terceirizada. É um recurso adicional para que os administradores de riscos possam cumprir com suas obrigações internas e externas, determinando o tipo e a qualidade do serviço requerido na implementação de sua estratégia de transferência de riscos. Estas atividades, exigidas do corretor seriam:

1. O corretor fornece aos administradores de riscos sua assistência na determinação da estratégia de transferência de riscos da organização, esta informação inclui o nível de exposição a riscos, análise de sinistros e reclamações, melhores práticas e informações gerais dos mercados de seguros e resseguros.

2. Também é requerida sua experiência no marketing na conta para sua colocação no mercado segurador; o que inclui o desenvolvimento de toda a informação necessária para mostrar aos potenciais seguradores e resseguradores interessados no risco.

Uma vez colocado o risco no mercado, várias tarefas ainda precisam ser feitas, serviços que vão desde a colocação até a finalização da vigência da apólice. Estas tarefas incluem a revisão do contrato de seguros, administração do pagamento dos prêmios, emissão de certificados, rotinas de administração de sinistros, entre outras atividades. Considerando a economia de escala resultante de fornecer os mesmos serviços a uma quantidade de clientes, o corretor deveria oferecer estes serviços mais eficientemente que os desenvolvidos internamente numa área de administração de riscos. Estes serviços deveriam ser claramente listados no acordo (contrato) de prestação de serviços com o corretor designado.

Muitos corretores descrevem sua atividade como a compra da melhor cobertura possível ao menor custo; mais isso não está necessariamente certo. A função do corretor é a de executar a estratégia de gerenciamento dos seguros determinada pelo seu cliente.

Em muitas organizações a estratégia pode ser a de construir uma sólida estrutura a longo prazo com seus parceiros na transferência de riscos, mais que a simples focalização de melhor cobertura ao melhor custo. É o administrador de riscos quem determina a estratégia de transferência de riscos, direcionando os esforços necessários na apresentação do risco e a negociação dos termos da apólice de seguros.

Resumindo, o corretor de seguros como fornecedor de serviços, assistência e “expertise” ao segurado está claramente definido como seu representante em matéria de seguros. A importância que possa ter determinado corretor na carteira de alguns seguradores do mercado, não muda a natureza da relação corretor com o segurado, conforme comentado. Como representante dos segurados, o corretor deve fornecer seus serviços profissionais a seus clientes com total integridade e transparência.


Andrés Ricardo Holownia 

É contador público e administrador. Atualmente Holownia é Diretor da Fundação Alarys – com sede em Panamá ( Fundacion – Associacion Latino Americana de Riesgos y Seguros), Assessor de Diretoria da IFRIMA (International Federation of Risk and Insurance Managers Associations), com sede em New York.e Acadêmico da ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência.


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