A passagem do furacão Sandy pela costa leste dos Estados Unidos da América, que deixou um saldo de mortes (por sorte não são muitas neste caso) e perdas econômicas que superarão os US$ 40 bilhões, segundo estimativas – incluindo perdas materiais, perdas por interrupção de atividades e perdas contingentes, entre outras, das quais apenas uma parte será paga pelo mercado segurador/ressegurador –, nos lembra o quão rapidamente esquecemos dessas desagradáveis experiências passadas e deixamos, consequentemente, de agir para evitar, se possível, ou ao menos mitigar suas consequências.

Ainda que uma situação de catástrofe se caracteriza por falta de tempo e de recursos humanos e materiais, o que em muitos casos não poderia evitar a ocorrência, na maioria deles, poderia limitar suas consequências, através de um planejamento adequado, recursos e treinamento. A experiência passada como a do Japão, Chile, New Orleans (Katrina) e este comentado acima, nos ensinam a prever situações similares e preparar os planos de prevenção e mitigação adequados. Estes eventos podem ser fenômenos naturais como os mencionados (furacões, tsunamis, tornados, alagamentos, etc); emanados da tecnologia (contaminação de uma usina nuclear, apagões, etc); incêndios; explosões; derrames; terrorismo; etc.

A finalidade destes planos tende a salvaguardar, em primeiro lugar, vidas humanas (principal ativo das empresas), seus ativos físicos, financeiros e o meio ambiente. Os planos referidos seriam:

Plano de emergência, que é aquele evento súbito com efeito nas primeiras horas, que pode não ter outras consequências se for tratado e resolvido em tempo, ou pode gerar uma crise com implicâncias internas e/ou externas ou um efeito catastrófico maior. Plano de gestão de crise, que geralmente ocupa dias ou semanas.

Plano de recuperação do negócio, que seria, por exemplo, a normalização da atividade produtiva (novas edificações, maquinarias, etc), o que pode demorar meses.

Os planos devem ser o mais simples possível, embora considerando a maior quantidade possível de eventos (mapeados por região), dando prioridade aos de maior risco (probabilidade e consequência). Devem ter um forte apoio explícito da direção da empresa e o coordenador nomeado poderia ser o Gerente de Riscos, com uma equipe formada por gerências-chave nos processos e suporte técnico necessário tanto interno como externo.

O importante é que os planos sejam treinados por esta equipe frequentemente e ajustados conforme os resultados das recomendações emergentes do treino. A comunicação é um dos fatores mais importantes para o sucesso das ações, tanto interna como externa, e deveria ser apenas através de um porta-voz oficial, que terá a função de comunicar aos funcionários, familiares, imprensa e terceiros interessados em geral sobre o evento, consequências, medidas tomadas, planos de ação e sua evolução no tempo.

É Administrador e Especialista em Gestão de Riscos, atuou como Gerente de Riscos da Scania para a América Latina e foi Presidente da Associação Brasileira de Gerência de Riscos – ABGR. Acadêmico da Academia Nacional de seguros e Previdência – ANSP


Andrés Ricardo Holownia

É Administrador e Especialista em Gestão de Riscos, atuou como Gerente de Riscos da Scania para a América Latina e foi Presidente da Associação Brasileira de Gerência de Riscos – ABGR. Acadêmico da Academia Nacional de seguros e Previdência – ANSP