Uma tendência tem dominado os comentários nas mídias: O ano de 2016 será um período de cintos apertados.
A despeito de todo o clima negativo que permeia as projeções para a economia brasileira, o fato é que em tempos de vacas magras a criatividade e o planejamento são as melhores armas para enfrentar situações difíceis, e nisto a indústria de seguros tem se mostrado proficiente em iniciativas e resultados.
É fato que a percepção da população em geral, em relação à capacidade do Estado em estabelecer e perpetuar situações de auxílio à economia tem se mostrado reduzida, incentivando famílias e empresas a buscarem proteção por diferentes meios, sendo um deles a securitização dos riscos a que estão expostos. Os seguros de pessoas são um destes instrumentos.
Neste sentido, a FenaPrevi tem, inclusive, desenvolvido programas de educação financeira para estimular a conscientização das pessoas no sentido de se protegerem.
Segundo o IBGE, no primeiro trimestre de 2015 a economia retraiu-se 1,6%, quando comparada com o mesmo período de 2014, contudo, seguindo a regra dos últimos anos os seguros de pessoas (incluindo produtos de acumulação) continuaram a se expandir e acumularam no mesmo intervalo de tempo uma taxa positiva de 11,6%.
Segundo os levantamentos mais recentes, o percentual de participação nesta, cada vez mais relevante, modalidade de seguro é de quase 5% da população brasileira, então, há ainda um grande contingente de seguráveis a ser conquistado.
Se utilizarmos o PIB como referência, os seguros coletivos (VG e APC) representam algo como 0,05% no Brasil, enquanto que no continente europeu este número chega próximo a 4%.
Mundialmente, o faturamento dos seguros “Life” abrange aproximadamente 50% da produção deste mercado, considerado este percentual seus vários ramos. Por aqui, os Seguros de Pessoas alcançam cerca de 18% da composição dos prêmios totais do mercado.
Abrindo a composição deste segmento, veremos que as grandes vedetes são as modalidades de Vida Individual, Prestamista (apesar da retração do mercado de crédito) e Acidentes Pessoais Coletivo. Os ramos de Auxílio Funeral, Seguro Viagem, VGBL e os planos das EAPP também despontam com movimentação expressiva de valores.
Ainda como exemplo de ações inovadoras, o mercado de seguros por meio das comissões técnicas das federações tem trabalhado em um novo produto conhecido como “Universal Life”. Nele, uma parte do prêmio serve para coberturas de risco (como morte e invalidez) e o restante é acumulado e capitalizado, gerando pecúlio ou renda. Outro produto que está em vias de comercialização é o VGBL Saúde, que mediante acumulação de contribuições se destina a arcar custos com planos de saúde e gastos correlatos.
Mesmo que o cenário para os seguros de pessoas aponte para resultados positivos, este segmento não está protegido dos efeitos do ambiente negativo que se apresenta para a economia.
Ainda que pessoas e empresas tenham elevado sua percepção e iniciativas quanto a riscos pessoais, dentro desta mesma tendência as priorizações de “gerenciamento de risco”, caso a caso, certamente tornarão algumas das modalidades de Seguros de Pessoas menos preponderantes que outras, observadas as necessidades das empresas e da população em geral, com potencial de gerar impacto negativo sobre a performance da atividade.
Apesar do cenário de crise anunciada, o conjunto dos esforços no sentido do controle da inflação, da expectativa de elevação do mercado de emprego entre as pequenas e médias empresas e a elevação da escolaridade média podem auxiliar a alavancagem dos resultados dos Seguros de Pessoas
Mesmo considerando um cenário econômico adverso, as projeções da FenaPrevi mantêm expectativa de crescimento na casa de dois dígitos e, com certeza, os players do mercado securitário se esforçarão muito para que isso se torne realidade.
Dilmo Bantim Moreira
É Presidente do Clube Vida em Grupo – São Paulo / CVG/SP, catedrático e diretor de Seguros de Pessoas na Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP, atuário, membro da Comissão Técnica de Produtos de Risco da Fenaprevi, atuário, professor e colunista em mídias securitárias.
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