Recentemente temos acompanhado o interesse crescente das empresas e Instituições (entre elas os Fundos de Pensão) em investirem seus recursos em companhias sustentáveis e que tenham um controle efetivo de riscos que possam trazer consequências ao meio-ambiente.

Porém, a questão da avaliação financeira dos passivos ambientais ainda é um tema que tem gerado discussões acaloradas, dada a inexistência de metodologia padrão na sua mensuração. Diversos estudos já foram realizados e todos demonstram que, dada a complexidade do tema, trata-se de um trabalho multidisciplinar. A valoração financeira dos danos, no entanto, tem demonstrado que os estudos mais adequados sejam produzidos a partir de matrizes de fatores influentes, segregadas por tipo de dano ocorrido.

A Universidade de Vigo, na Espanha, através de seu departamento de economia e estatística, desenvolveu um modelo matemático para mensuração das perdas financeiras ocasionadas pelo famoso acidente ambiental do navio petroleiro Prestige, naufragado na costa sul do país e responsável pelo vazamento de 40 mil toneladas de óleo no mar. O modelo leva em consideração a análise biofísica da região afetada (tarefa de outras especialidades envolvidas no projeto) e o impacto econômico refletido na pesca, Maricultura e demais setores econômicos da região. A metodologia é utilizada internacionalmente e adota matrizes de efeito segregadas por dano na sua mensuração.

Nesse sentido, passamos a olhar diretamente para a questão do “risk management”. A matéria, que integra a grade curricular de algumas especialidades profissionais, deságua em relatórios subscritos por peritos de formação econômico-financeira, com o auxílio, como dito anteriormente, de profissionais especializados no dano ambiental propriamente tratado. É nesse momento que o atuário desempenha um papel de destaque, já que sua formação, mais do que qualquer outra, é justamente a de criar modelos matemáticos capazes de mitigar riscos, desde que tenham como fulcro a obtenção de resultados indenizatórios.

A questão da avaliação de passivos ambientais ainda é nova no Brasil, porém promissora. Sempre haverá a necessidade de equipes multidisciplinares, com a participação de geólogos, biólogos e demais profissionais especializados nas respectivas áreas afetadas, porém, se o objetivo do estudo considerar ressarcimentos financeiros, a melhor liderança para o projeto deverá ser a de um atuário.

*Andrea Mente

Bacharel em Ciências Atuariais pela PUC-SP com especialização pela Universidad Castilla La-Mancha (Espanha). Atualmente é Actuarial Manager na ASSISTANTS Consultoria.

 

Esta publicação online se destina a divulgação de textos e artigos de Acadêmicos que buscam o aperfeiçoamento institucional do seguro. Os artigos expressam exclusivamente a opinião do Acadêmico.

Expediente – Diretor de Comunicações: Rafael Ribeiro do Valle | Conselho Editorial: João Marcelo dos Santos (Coordenador) | Dilmo Bantim Moreira | Felippe M Paes Barretto | Homero Stabeline Minhoto | Produção: Oficina do Texto |Jornalista  responsável: Paulo Alexandre | Endereço: Avenida Paulista, 1294 – 4º andar – Conjunto 4B – Edifício Eluma – Bela Vista – São Paulo – SP – CEP 01310-915| Contatos: (11)3335-5665| [email protected]  | anspnet.org.br |