O Seguro não deve ser percebido somente como mecanismo de proteção patrimonial, mas considerado como parceria importante na Sociedade, permitindo aos indivíduos e pessoas jurídicas consolidarem e expandirem suas atividades que, de outra forma, não ousariam efetivar, fazendo-as desaparecer precocemente.
Atualmente, com a consolidação dos diversos procedimentos saneadores da atividade político-empresarial, grandes gestores, reguladores, banqueiros e seguradores vêm se fazendo a seguinte pergunta: será que existe um risco sistêmico para o setor financeiro do País? Pelo menos, até agora, ainda há vozes otimistas que garantem não existir. Mas, muito provavelmente, dentro de um sistema estável, sempre haverá elos fracos que irão precisar de ajuda.
A comprovação está no grande número de recuperações judiciais – praticamente um pedido deferido por dia – traduzindo uma imobilidade econômica e financeira cujo valor facilmente já superou os 50 bilhões de reais, sem se considerar a própria Petrobrás e suas contratadas, como a OAS, a Galvão Engenharia, a Odebrecht, a Eneva, a IMPSA, a Schahim Oil & Gas, os significativos valores representados por precatórios – cujo cumprimento ora postergados ao infinito – tendo por consequência social e humana, além de desagregação familiar, um desemprego atual superior ao de 14 milhões de trabalhadores, e aumentando… Ao se analisar mais detidamente os fatos atuais poderá se concluir, eventualmente, pela existência de grave risco ao sistema financeiro, aí se incluindo o inerente à atividade bancária cujos titulares acostumados às funções cartoriais e sem tradição na concessão de créditos, vêm penando para a sua tardia e parcial recuperação. Outros males mereceriam considerações, como a inflação ainda relutantemente contida, além da maior taxa referencial de juros do mundo dito civilizado. Mas, deixando os problemas já conhecidos podemos concluir por algumas eventuais oportunidades.
Senão, vejamos:
1) Como se sabe, a atividade agropecuária vem sustentando parte significativa da economia. Será sempre bem-vinda a adoção de um manto securitário vinculado àquela atividade, havendo, ainda, saudáveis instituições com sólidos conhecimentos do agronegócio e vivos interesses comerciais. Para o sucesso do empreendimento, há que se ter conhecimento técnico – cujo patrocínio não há de ser impossível – além da interiorização já existente dos profissionais, a fim de que o Seguro Agrícola / Seguro Rural, sob todas as suas modalidades e especificidades, cresça e se constitua no principal ramo praticado pelas grandes Seguradoras, bem como por aquelas com forte atuação regional.
2) Ainda fruto das incertezas quanto ao recebimento dos valores devidos à prazo, o Seguro de Recebíveis proporciona a indispensável garantia quanto ao integral recebimento dos valores, a prazo, devidos e futuros, ainda que cercados de garantias pessoais ou, até mesmo, de garantias reais. Atualmente, conhecidas, apenas três Seguradoras têm alguma atuação no Mercado.
3) Com as incertezas que assolam as diversas atividades empresariais, cresce de importância o Seguro de Fusões & Aquisições, cujo objetivo há de ser a de minimizar os riscos sofridos isoladamente, multiplicando-se as oportunidades negociais para os seus diversos participantes.
4) Como novidade securitária, o Seguro de Gestão de Crises poderá ter por obrigação, incutir juízo empresarial ao profissional afoito ou imprudente.
5) Uma das consequências decorrentes da falta de recursos financeiros e creditícios, além da incerteza quanto a perenidade das atividades laborais, está na pequena comercialização de veículos novos, especialmente de médio porte. Assim, a comercialização das atividades relativas ao Consórcio de Veículos vem ganhando importância crescente, nas Capitais, como nas localidades do Interior. Além das tradicionais Seguradoras que comercializam o produto Capitalização, sob as mais variadas formas, explorando os diversos e justificados sonhos dos consumidores frustrados, de se notar o esforço e as facilidades comerciais desenvolvidas por Seguradoras com forte afinidade oficial.
6) Outras coberturas securitárias podem e devem ser agregadas àquelas normalmente exercidas pela nobre classe dos Corretores de Seguros, como os indispensáveis Seguros de Vida, de AP, de Responsabilidade Civil, de Perda de Renda, de Doença Grave e, até, os de simples Erros de Gestão, além de outros, como o Seguro D&O, que poderão ser oportunamente agregados, desde que tenham os seus riscos criteriosamente avaliados… Fatores de Sucesso para a Comercialização de Produtos Securitários, na presente quadra:
O primeiro fator de sucesso do empreendimento voltado à Corretagem de Seguros tendo por objetivo as coberturas mencionadas há de ser, inicialmente, a cobertura de Capitalização, em razão da facilidade de sua compreensão e da demanda reprimida.
O segundo fator de sucesso consistirá na eleição de uma Seguradora parceira, capaz de promover recursos auxiliares à sua implantação e desenvolvimento como, e especialmente, pela qualidade de seus produtos.
O terceiro fator há de ser um número significativo de produtores, entre 200 e 300 profissionais, espalhados pelo Interior do Estado e com idades mescladas, a fim de oferecer experiência e disposição marcante para o trabalho, além de uns 20/30 atuando, se possível, nos bairros da Capital.
O quarto fator de sucesso há de depender da sua direção, com um dirigente com experiência administrativa em Seguradoras ou Corretoras de renome, um segundo dirigente com marcante experiência comercial, um terceiro dirigente com visão e conhecimentos técnicos a fim de evitar distorções e mal entendidos, um quarto dirigente com experiência administrativa e relacionamento em Seguradoras e Corretoras de renome. Finalmente, um quinto dirigente que servirá como apaziguador de eventuais atritos ou conceitos divergentes, sem que qualquer um deles deva se comportar como “chefe”, tendo uma representação rotativa das funções e do empreendimento.
Finalmente, o quinto fator deverá ser a administração financeira, cuja função inicial será a de promover um estudo tentativo tendo em vista o potencial dos produtores voltados inicialmente à capitalização, sem prejuízo da comercialização de outros produtos já vocacionados.
Todos os conceitos aqui expostos poderão e deverão ser discutidos e devidamente corrigidos ou adequados à realidade de cada um dos dirigentes cogitados.
Affonso Heleno de Oliveira Fausto
Membro-fundador da ANSP, presidente da SBCS – Sociedade Brasileira de Ciências do Seguro, fundador e diretor da então Prever Previdência Privada, hoje incorporada ao Itaú. Foi fundador e diretor da Fundação Caemi de Previdência Privada e da ABRAPP – Associação Brasileira de Entidades Fechadas de Previdência Privada.
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