Militando por diversos anos nesta área de produtos do mercado de seguros, sempre me intrigou o fato de não possuirmos estudos de cunho científico que pudessem auxiliar o mercado em todas as suas nuances. Quando dirigi pela segunda vez o Clube de Seguros de Vida em Grupo do Rio de Janeiro, andei iniciando contatos para tentar viabilizar uma ideia que tinha e ainda tenho, ou seja, criar um centro de estudos científicos do setor de pessoas.

Naquela ocasião, o amigo Ronald Kauffman trabalhava na Scor e, trocando ideias com o mesmo, ele me disse que sua empresa tinha e deve continuar tendo, quatro centros desta natureza, em que estuda o comportamento de diversas áreas do seguro, mas principalmente, a área de pessoas. Na ocasião estudávamos um acordo para viabilizar a ideia, mas o Ronald saiu e eu deixei a presidência do CVG.

Obviamente que, ao se criar um centro de estudos científicos, o trabalho não deve se limitar a uma área especifica, mas pode passar a atender vários segmentos do mercado.

Na área de saúde hoje temos um fator de preocupação, que é ótimo para o segurado, mas extremamente perigoso para o setor que é o aumento, cada dia maior, da longevidade. Isto também afeta sobremaneira o setor de pessoas e precisamos exatamente de produtos que possam contemplar as pessoas com mais de 80 anos, pois em artigo que escrevi há algum tempo, mostrei que diversos organismos mundiais têm demonstrado por análises criteriosas que no ano de 2050, teremos mais de três milhões de pessoas com 100 anos ou mais.

A taxa de natalidade regrediu ao longo dos anos e a longevidade aumentou, o que certamente criará um desequilíbrio nos cálculos atuariais.

Hoje, para não dizer há anos, não temos dados estatísticos de nada na área de pessoas. Não sabemos ao certo, por exemplo, quantos segurados temos na área de pessoas, falando de seguros de risco, e que se aplicaria também aos de saúde e afins.

Poderíamos ter dados estatísticos e saber quais são as regiões de maior incidência de doenças, sejam elas por morte ou por invalidez permanente. A nossa tábua biométrica deveria levar em consideração as diferenças que o Brasil tem por ter as dimensões de um continente, com grandes disparidades de cultura, educação e alimentação. A idade média do brasileiro poderia ser analisada por regiões já que a do sul é maior, a do sudeste se equilibra, o centro-oeste já modifica e as do norte e nordeste são bem inferiores ao restante do País.

Acredito também que as catástrofes que ocorrem hoje em no País, como falta de chuva em diversas áreas e excesso em outras, mananciais vazios, enchentes, desmoronamentos e mudanças bruscas no clima afetam o risco de diversos setores da indústria e não temos nenhum dado que permita ao mercado taxar corretamente seus produtos.

O desenvolvimento de novos produtos com base em estudos preliminares poderia dar ao mercado a chance de taxar corretamente e melhor os seus produtos podendo, de certa forma, beneficiar o consumidor e dar mais tranquilidade ao setor.

Vários setores poderiam ser beneficiados sejam resseguradores, seguradores, segurados e corretores, pois o mercado trabalharia com um grau maior de confiabilidade e segurança.

Temos instituições hoje no mercado que poderiam fazer um trabalho neste sentido, seja a Escola Nacional de Seguros (Funenseg), os Clubes de Vida em Grupo espalhados pelo Brasil e a CNSeg através de suas federações, agregando órgãos governamentais e ONGs, assim como a ANSP – Academia Nacional de Seguros e Previdência, que através de suas cátedras, recheadas de profissionais do mais alto nível, têm hoje estudos que poderiam ser disponibilizados para análise.

A tarefa é árdua e demandará esforços, mas se todos se juntarem em busca de um objetivo comum, todos terão a ganhar. Fica lançada a ideia para, se possível for, colocá-la em funcionamento.


Lúcio Antônio Marques

É assessor da presidência da Nobre Seguradora do Brasil, vice-presidente do Sindicato das Seguradoras do RJ/ES e membro da Academia Nacional de Seguros e Previdência – ANSP.


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