Seria repetitivo falar que a tecnologia está presente na área de saúde e fazendo muitas modificações nesta ciência. Convivemos de forma cotidiana com cirurgias robóticas, laudos de exames à distância utilizando inteligência artificial, e a crescente valorização do ensino à distância de disciplinas médicas.

Entretanto, vale abordar o impacto mais efetivo destas tecnologias nas rotinas técnicas, operacionais e financeiras das operadoras de saúde. Um dos maiores problemas que as operadoras enfrentam é o fato de que a venda dos planos geralmente é feita por excelentes profissionais de venda, mas que não têm formação médica para orientar o correto e verdadeiro preenchimento das declarações de saúde. Em um estudo da Scor no mercado internacional com 270 operadoras, verificou-se que cerca de 70% das declarações de saúde não estavam de acordo com a real situação do futuro beneficiário. Como então subscrever o risco e imputar CPTS (Cobertura parcial temporária) baseado em dados tão inconsistentes?

Diante deste panorama, a subscrição de riscos através de telemedicina, onde médicos fazem a entrevista qualificada à distância avaliando realmente a situação de saúde do proponente parece ser a única solução viável para assessorar uma venda mais qualificada.

Uma valorosa aplicação de utilização da triagem médica por telemedicina vislumbra um futuro que reduz a ida a postos de emergência em muitos atendimentos médicos. Isto pode ser uma grande ferramenta para diminuição dos custos em saúde, hoje tão elevados, e também a redução do tempo de espera e superlotação dos postos de emergência.

O grande volume de judicializações a respeito de coberturas passíveis de discussão também é um alvo a ser muito beneficiado pela telemedicina. Se os tribunais pudessem ter o parecer de médicos especialistas por essa via, que tem maior agilidade, os juízes teriam subsídios para melhores decisões em curto espaço de tempo. Também as áreas médicas das operadoras poderiam ser muito mais efetivas se pudessem ser assessoradas por segunda opinião médica especializada na decisão de cobertura de medicamentos, órteses e próteses de alto custo.

Outra importante vertente da utilização de telemedicina, embora precise de ajustes operacionais e regulatórios pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), será a própria construção de redes de profissionais para real atendimento on-line, como já acontece em diversos lugares do mundo. Isso traria uma grande capilaridade de prestação de serviços médicos no interior de nosso grande país.

Concluindo, há inúmeras ferramentas de telemedicina que podem ter aplicação imediata pelos planos de saúde minimizando fraudes, otimizando a subscrição e reduzindo custos. O mercado espera a lucidez dos órgãos regulatórios e das áreas decisórias das operadoras para fazerem os ajustes operacionais e legais que permitam a celeridade destas aplicabilidades, que são prementes e urgentes, para que este mercado regulado não seja atropelado pela aplicação da telemedicina no mercado informal.

 

Ileana Moura

É Bióloga com especialização em genética humana pela UFPR com MBA em Gestão de Planos de Saúde. É diretora presidente da Extramed Administração e Serviços Médicos Ltda e Vice-presidente do SINDSEG–PR/MS , além de Membro do Conselho de Administração da Centauro Vida e Previdência S/A e Acadêmica da ANSP.

 

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