Risco é um evento incerto, inesperado, aleatório e futuro que, se ocorrer, trará prejuízo econômico para uma pessoa, família, empresa ou país. Portanto, é muito importante conhecer detalhadamente os riscos a que se está sujeito.
O pior risco é aquele não conhecido porque, se ocorrer, o prejuízo será certo e suas consequências poderão perdurar por dias, meses, anos, uma ou muitas vidas inteiras.
Atendo-nos ao mundo corporativo, é comum nas empresas os acionistas e diretores conhecerem bem o retorno de seu capital. Afinal, os acionistas pagam os diretores para que eles trabalhem e consigam o maior lucro possível. Mas, salvo raras exceções, poucos conhecem qual o nível de risco associado a este retorno. Regra geral, retornos muito altos estão associados a riscos também muito altos. Essa é uma das leis fundamentais do mercado financeiro, mas plenamente aplicável à administração de riscos, tanto nas empresas quanto em implantação de projetos, por exemplo.
Um dos indicadores para se verificar qual a melhor relação risco/retorno é dividir o risco pelo retorno. Assim, o acionista ou o diretor têm claro quanto cada unidade de retorno carregou de risco. Quanto menor o resultado, menor o risco e melhor a relação risco/retorno. Quando esta relação for maior que 1, a luz amarela estará acesa. Exemplos:
- Caso 1: risco de 10% e retorno de 12% = 0,8333
- Caso 2: risco de 16% e retorno de 18% = 0,8889
- Caso 3: risco de 16% e retorno de 14% = 1,1428
Assim, fica claro que nem sempre o melhor retorno é o melhor negócio. Lembremos daquela máxima de nossos avós: quando a esmola é demais, o santo desconfia…
Trata-se, antes de tudo, de transparência, um dos pilares da Governança Corporativa e da Ética. Há pessoas conservadoras, moderadas e amantes do risco. Mostrar essa associação não deverá afastar investidores, mas os ajudará a alocar seus recursos em ativos segundo o perfil de cada um.
Fazer gestão de riscos pressupõe a?
- identificação das fontes de risco;
- mensuração das expectativas de perdas relevantes; e
- definição do tratamento a ser dado: assunção, eliminação, mitigação e sua transferência – por meio de seguro, por exemplo.
Riscos do negócio, como inovações tecnológicas, regulamentação, marketing; riscos não estratégicos, como mudanças no ambiente econômico e político; riscos operacionais, como falhas e fraudes; riscos financeiros, como as exposições financeiras da empresa; e diversos outros riscos. Todos precisam ser muito bem conhecidos e tratados. Caso contrário, o resultado pode ser catastrófico – ainda no mundo corporativo, vide os casos recentes da Aracruz e da Sadia.
Então, disseminar esse conhecimento ao maior número de pessoas, especialmente para gestores de empresas e acionistas, é contribuir para a perenidade dessas empresas, para o retorno dos acionistas, para a manutenção dos empregos e da renda dos funcionários, para a qualidade de vida de seus familiares. Isso pressupõe também menos prejuízos para o governo e para a sociedade.
Edmur de Almeida
sócio-diretor da Alfa Real Consultoria e Corretagem de Seguros e Diretor da Academia Nacional de Seguros e Previdência..
edmur@alfareal.com.br