Um dia como outro qualquer se aquela notícia não tivesse se espalhado pelo Brasil inteiro como um rastilho de pólvora, a transformá-la em aviso fúnebre, sobre a morte de Póvoas.

É, o Póvoas morreu cinco dias antes de sua esposa, que havia falecido no dia 16 de novembro, só que do ano anterior. Mas como na eternidade não se contam os anos, ambos praticamente deixaram este mundo no mesmo dia e juntos foram bater às portas do Céu, para lá continuarem suas vidas em comum.

Aqui, deixaram amigos que até hoje não se conformam em perdê-los tão cedo, mas essa é uma condição sobre a qual não temos qualquer domínio e quando chega a hora não há recuos e todos irão percorrer os mesmos caminhos, ficando apenas as lembranças e as saudades.

Assim foi com o Póvoas e com a sua querida Maria de Lourdes, que marcaram suas presenças com muito amor, carinho e atenção a todos que privaram de suas amizades.

O Póvoas, na sua longa caminhada pela vida, marcou sua presença no mercado de seguros de Portugal e do Brasil.
Aqui, desempenhou com grande maestria as funções que lhe foram delegadas, na SulAmérica, no Bradesco Seguros, no Bradesco Previdência e no Vera Cruz Mapfre, onde encerrou sua carreira.

Foi o precursor do grande boom da Previdência Privada Aberta, em que o Bradesco comandou o seu lançamento e sua consolidação.

Foi talvez o grande professor de vários dedicados alunos que hoje atuam no mercado em posições de destaque nas empresas das quais fazem parte.

Entre eles destacam-se: Nilton Molina, Luiz Carlos Trabuco Cappi, Marco Antonio Rossi, Roberto Levorato, Antonio Cássio dos Santos, além de muitos outros que aí permanecem para dar seus testemunhos.

Mas foi na AIDA que deu o grande passo na divulgação do Direito do Seguro. Como seu fundador no Brasil e seu primeiro Presidente, abriu o espaço para que vários outros brilhantes advogados participassem dessa entidade da cultura jurídica em nosso País.

Pelas mãos de F. Silveira veio para a Academia Nacional de Seguros e Previdência (ANSP), para transformar-se em seu IV Presidente e aquele que lhe deu os contornos jurídicos necessários à sua expansão.

Criou o Conselho de Acadêmicos, as cátedras e até uma sede onde realiza suas atividades. Realizou com grande maestria as festividades do Prêmio ANSP e deu à Academia a organização diretiva para que alcançasse o futuro.

Por todas essas razões, o Póvoas será lembrado como um dos mais lídimos acadêmicos e guardião supremo de tudo o que for gerado em termos de cultura do seguro no Brasil.

Ao Póvoas, nossa eterna saudade.


F. Silveira


Ao eterno amigo Póvoas

São poucos dias passados mas já parece uma eternidade. Sempre carregava comigo uma certeza de que meus amigos não morriam, simplesmente se transformavam, para assumir sua posição ao lado de Deus. Embora a realidade seja outra, a verdade é que de hora para outra o Póvoas desaparece levando consigo não um tesouro terreno, mas um tesouro divino repleto de conhecimentos e principalmente de amor, que sempre demonstrou pelo seu amigo e mais ainda pela Maria de Lourdes, sua companheira.

Aquela que o tinha deixado exatamente há um ano atrás, quando o seu companheiro e amigo, num pacto de solidão, preferiu também partir para não deixá-la só.

Mas antes invocou seu conterrâneo que imortalizou em versos situação igual. E repetiu assim o solene momento:

 

Alma minha gentil que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste

Se lá no assento etéreo, onde subiste
memória desta vida se consente
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos meus olhos tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio de perder-te.

Roga a Deus, que teus anos encurtou.
Que tão cedo de cá me leve a ver-te
Quão cedo de meus olhos te levou.

Luis Vaz de Camões

Ao guerreiro lusitano Póvoas

Receba amigo esta homenagem que ficará gravada nos anais solenes da Academia, imortalizando sua presença e marcando eternamente a sua contribuição.

F. Silveira, nov./2009

 

I
Sulcando mares bravios
Imitando velhos marinheiros
Chegas à terra da liberdade
Pra semear versos altaneiros
E cultivar amigos que a vida mostra
Solidários, fieis e sobranceiros

II
Forte o farol que o rochedo indica
Evitando o naufrágio do Real Galeão
Navegando firme por mares profundos.
Do direito, da lei e da justiça.
Costurando a malha social
Deste país que vive pelo coração

III
Seus livros são sagradas Bíblias
Que alcançaram multidões
Disseminando o mutualismo
A Previdência ou o seguro puro
Matérias básicas do moderno mundo
Que os povos e nações querem saber

IV
Através da AIDA ou da Academia
Que o testemunho dessa vida dá
No registro pronto dessa produção
Que um dia servirá de rumo
Para novos jovens que no Brasil terá
Suprindo a oferta do conhecimento
Que essa poderá lhes dar.